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terça-feira, 19 de julho de 2011

Gengibre como Tratamento Adjuvante para Náuseas e Vômitos induzidos pela Quimioterapia em Jovens

por Amy C. Keller;  
HerbalGram 56 (2):234-238; Fevereiro de 2011; American Botanical Council


O gengibre (Zingiber officinale, Zingiberaceae raiz) é utilizado ao longo da história em todo o mundo para tratar doenças do estômago, incluindo náuseas1. Um efeito colateral comum e desagradável do tratamento do câncer são as náuseas e vômitos induzidas pela quimioterapia (NVIQ). Neste ensaio clínico, os pesquisadores avaliaram o pó da raiz de gengibre como coadjuvante ao tratamento com o antiemético ondansetron e dexametasona. Como já havia relato do sucesso do tratamento com gengibre para a NVIQ em adultos2, esse estudo resolveu avaliar o tratamento em crianças e adultos jovens.
A seleção dos pacientes para o estudo ocorreu na Dr. B.R. Ambedkar Institute Rotary Cancer Hospital of the All India Institute of Medical Sciences in New Delhi, India. Crianças e adultos jovens com idades entre 8-21 anos de idade e com peso corporal entre 20 e 60 Kg foram selecionados para este estudo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo. Os pacientes selecionados foram diagnosticados com sarcomas ósseos e submetidos à quimioterapia com os antineoplásicos cisplatina e doxorrubicina nas doses de 40 e 25 mg/m 2/dia, respectivamente, para um ciclo de 3 dias. Todos os pacientes também receberam como antieméticos ondansetron e dexametasona intravenosa a 4-8 mg / dia para os primeiros três dias de quimioterapia. Pacientes que estavam  sendo tratados com radioterapia ou o antiemético aprepitanto foram excluídos do estudo.
Os grupos foram randomizados e separados em grupos experimentais (gengibre) ou controle (amido), permitindo aos pacientes receber tratamento experimental ou controle, em qualquer ciclo da quimioterapia. Os tratamentos consistiram de cápsulas contendo o pó de raiz de gengibre (grupo tratado) ou pó de amido (grupo controle) (ambos fornecidos pela Tulsi Ayurvedics & Pvt Research. Ltd. em Varanasi, Índia). Os pacientes receberam as cápsulas referentes ao ciclo de quimioterapia (1-3 dias) e aqueles com peso entre 20 e 40 kg receberam uma dose total de 1.000 mg/dia na forma de 6 cápsulas de 167 mg de tratamento experimental ou controle, enquanto a dose de 2.000 mg/dia foi administrada para aqueles pacientes com peso entre 40-60 kg (5 cápsulas contendo 400 mg cada) referente ao tratamento experimental (gengibre) ou controle. Os pesquisadores mencionam que as cápsulas e doses foram bem toleradas pelos pacientes, e nenhum efeito adverso foi observado ou relatado.
Foi exigido que os pacientes fizessem um diário relatando a incidência e gravidade das náuseas e vômitos de acordo com a Escala de Avaliação do Sintoma Edmonton (ESAS) entre os dias 1-10 do ciclo da quimioterapia, onde a NVIQ aguda que ocorre nos dias 01-04 e a tardia a partir dos 5-10 dias do ciclo.
Trinta pacientes terminaram o estudo no grupo placebo-controle e 27 no grupo  experimental (gengibre). Três pacientes foram excluídos do grupo experimental por não aderir às exigências do estudo ou por não engolir as cápsulas. A partir de um escore de 0 para náuseas e vômitos em ambos os grupos, a náusea aguda ocorreu com maior frequência no grupo placebo (em 93,3%) dos ciclos de quimioterapia, em oposição a 55,6% dos ciclos do grupo de gengibre (P = 0,003). Vômitos de moderados a graves também foi reduzida no grupo de gengibre em 33,33%, em comparação com 76,7% no grupo placebo (P = 0,002). Náuseas de moderada a grave também foi significativamente menor no grupo de gengibre, ocorrendo em 25,9% dos ciclos, em comparação com 73,3% dos ciclos do grupo placebo (P <0,001).
Os autores concluem que o estudo demonstra que cápsulas de raiz de gengibre pode ser uma terapia adjuvante eficaz para o tratamento em pacientes com NVIQ associado ao ondansetron e a dexametasona. Eles também afirmam que o estudo determina uma dosagem eficaz de raiz de gengibre para crianças e adultos jovens. Os dados apresentados neste estudo apoiam fortemente essas conclusões.
Este estudo é simples, bem desenhado, e fornece dados consistentes apoiando o uso de cápsulas de gengibre no tratamento de NVIQ, no entanto, alguns pequenos problemas com o estudo são aparentes. Primeiro, não há detalhes sobre a preparação da cápsula gengibre ou a origem da planta de são fornecidos. Além disso, os autores não fazem nenhum esforço para controlar o sabor ou odor. Embora o material de teste seja encapsulado, a raiz de gengibre tem um aroma potente e sabor que pode ter sido detectada por determinados pacientes ou administradores.
Há uma falha adicional que os próprios autores mencionam, a randomização foi focada no ciclo da quimioterapia, não do paciente. Este procedimento pode permitir que o mesmo paciente pode receber tanto pó de raiz de gengibre e quanto o placebo durante os ciclos analisados ​​no estudo. Assim, os efeitos adversos não foram observados ou não apareceram, pois os pacientes podem não ter tomado as cápsulas raiz de gengibre por um tempo suficiente longo para os efeitos aparecerem. Além disso, nenhuma avaliação foi feita por um período em pacientes aleatoriamente fazendo o tratamento antes ou depois do placebo.
Apesar destas reservas, o estudo apoia fortemente o uso de raiz de gengibre no tratamento de NVIQ em pacientes com câncer, particularmente em crianças e adultos jovens. Esta pesquisa também abre as portas para futuros estudos em pacientes com câncer e variados tratamentos de quimioterapia e, especialmente, a longo prazo para a utilização de raiz de gengibre em pacientes com câncer.

Trabalho publicado abaixo:
Pillai AK, Sharma KK, Gupta YK, Bakhshi S. Anti-emetic effect of ginger powder versus placebo as an add-on therapy in children and young adults receiving high emetogenic chemotherapy. Pediatr Blood Cancer. February 2011;56(2):234-238.

Referencias
  1. Blumenthal M, Goldberg A, Brinckmann J, eds. Herbal Medicine: Expanded Commission E Monographs. Austin, TX: American Botanical Council; Newton, MA: Integrative Medicine Communications; 2000.
  2. 2.    Ryan J, Heckler C, Dakhil S, et al. Ginger for chemotherapy-related nausea in cancer patients: a URCC CCOP randomized, double-blind, placebo-controlled clinical trial of 644 cancer patients. J Clin Oncol. 2009;27(15S):9511.



terça-feira, 5 de julho de 2011

Painel sobre a Politica Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterapicos (PNPMF)

Será realizado entre os dias 09 a 12 de julho, em Brasília, o XXVII Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde e o VII Congresso Brasileiro de Saúde, Cultura de Paz e Não- Violência (http://congresso.conasems.org.br/).
A Fiocruz terá vários espaços para discutir as políticas de saúde junto aos gestores dos municípios e dos estados,  dos trabalhadores e dos usuários dos serviços públicos de todo o Brasil, além de troca de experiências para a melhoria e fortalecimento da gestão.
A Vice Presidencia de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS/Fiocruz) estará presente promovendo vários debates. Uma destas atividades será o painel organizado pela equipe que trabalha no projeto de apoio a gestão do Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Essa atividade é realizada em cooperação técnica com o Departamento de Assistência Farmaceutica do Ministério da Saúde (DAF/SCTIE/MS), responsável por coordenar a PNPMF.
Esse painel ocorrerá no dia 10/07 às 17 horas, intitulado, A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF): desafios e alternativas para políticas públicas no SUS combinando preservação da biodiversidade e o desenvolvimento social, que contará com a presença de representantes de departamentos e ministérios envolvidos com o tema, tais como Departamento de Atenção Básica (DAB/SAS/MS), onde fica a coordenação da Politica Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPIC), Departamento de Assistência Farmacêutica (DAF/SCTIE/MS), onde fica a secretaria executiva do PNPMF, além de representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário, o qual tem a importante atividade de fomentar a inclusão da agricultura familiar na cadeia produtiva de plantas medicinais de modo a promover trabalho, renda e inclusão social e da experiencia da Itaipu que já realizada projeto em plantas medicinais, servindo como modelo que pode ser re-aplicado a outras regiões do Brasil.
Dessa forma, um dos objetivos desse painel é o de propiciar a divulgação e a articulação de ações estratégicas para o fortalecimento da PNPMF no SUS.
Vale destacar o apoio do Conasems na realização dessa atividade, bem como a participação nos encontros promovidos para discutir essa política. Somente com abertura de espaços dessa natureza para o debate e a realização de projetos intersetoriais é que conseguiremos realizar atividades que garantam a articulação entre políticas públicas de saúde, ambiente e desenvolvimento econômico e social.